Desde 2014, a CCR MSVia administra os 845 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul. Nesse período, a concessionária captou de 'empréstimo' quase R$ 4 bilhões em financiamentos de bancos públicos — como BNDES e Caixa Econômica Federal — com a promessa de duplicar a rodovia. Mas o que se viu, até agora, foi muito dinheiro público liberado e pouca entrega.
O contrato original previa a duplicação total da BR-163/MS em cinco anos. Passada mais de uma década, apenas 150 km foram duplicados, o que representa menos de 18% do total. O restante da rodovia segue em pista simples, mesmo sendo uma das mais movimentadas do estado, cortando 21 municípios e com 9 praças de pedágio em funcionamento.
Segundo denúncia do deputado estadual Junior Mochi (MDB) encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF), a CCR MSVia está em inadimplência contratual desde que assumiu a concessão. Mesmo assim, segue cobrando pedágio e operando a rodovia, enquanto acidentes graves continuam acontecendo e a população paga a conta — literalmente.
O valor investido até 2023, conforme demonstrativos da própria empresa, foi de R$ 1,97 bilhão — menos da metade do que foi captado. Os recursos públicos liberados não se refletiram em melhorias proporcionais na rodovia.
Apesar das falhas, um novo leilão da BR-163 está marcado para o dia 22 de maio, na B3, em São Paulo. O edital prevê R$ 17 bilhões em investimentos ao longo de 29 anos. O temor é que a CCR participe novamente — mesmo tendo descumprido o contrato original — e continue explorando a rodovia com apoio, mais uma vez, de dinheiro público.
Veja documento: https://al.ms.gov.br/upload/Pdf/2025_04_09_12_14_42_denuncia-mpf-080425.pdf