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Levantamento mostra o tamanho das perdas geradas pela falta de desenvolvimento da mecanização.

CTBE relata que, em busca de melhores resultados, usinas estariam voltando para um plantio semimecanizado Mesmo com o elevado nível de mecanização no Brasil, a colheita da cana-de-açúcar ainda apresenta uma série de gargalos e desafios tecnológicos. Os equipamentos utilizados nos canaviais não atendem às necessidades do campo e não cumprem os requisitos para um manejo eficiente. A questão não é exatamente novidade para quem trabalha com a cultura canavieira e, de acordo com o coordenador da Divisão Agrícola do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Henrique Franco, não há indicativos de que o maquinário para a cultura de cana deva passar por um grande avanço do ponto de vista tecnológico no curto ou no médio prazo. Por enquanto, os problemas causados pela mecanização desse processo são muitos. Entre eles estão a compactação do solo causada pelo tráfego constante das máquinas, o consumo excessivo de mudas e os elevados índices de perdas nos canaviais. Segundo dados apresentados pelo pesquisador, com o avanço da mecanização, os canaviais apresentaram uma queda brusca de produtividade e o indicador tem demonstrado poucos avanços nos últimos anos. Assim, o setor ainda não demonstrou que conseguirá recuperar os índices vistos em safras anteriores. “A cana produz muito bem se não tiver maquinário trafegando sobre ela e isso influencia diretamente na longevidade do canavial e nas perdas de colheita.” Ele explica que, entre 2004 a 2006, os canaviais que apresentavam uma produtividade média da ordem de 80 toneladas por hectare, hoje apresentam algo em torno de 70 t/ha. “O resultado ruim veio mesmo com o lançamento de diversas variedades [durante esse período] com potencial genético superior das plantadas naquela época”, argumenta. Franco afirma que a colheita mecanizada, principalmente no Brasil, é um processo irreversível – especialmente por causa das leis ambientais em relação à queima de cana e da falta de disponibilidade de mão-de-obra para a realização do processo manualmente. Quando se observa áreas tradicionais como Ribeirão Preto, segundo ele, a produtividade não cresceu nos últimos dez anos. “O que mais contribuiu para a queda da produtividade brasileira nesse período foi a mecanização”, afirma. O tamanho da perda O estudo realizado pelo CTBE englobou especificamente os gastos com a colheita mecanizada. O objetivo foi mensurar o quanto a falta de investimento nessa área representa em valores perdidos pelo setor. Os resultados revelam que a perda seria suficiente para a aquisição nove usinas de etanol com capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas por safra. O prejuízo ultrapassa os R$ 4,5 bilhões. “É muito dinheiro”, analisa. O cálculo foi realizado utilizando como base um valor de transação de US$ 60 por tonelada de capacidade e um câmbio de R$ 3,33. O coordenador estima que, hoje, de 9 milhões de hectares colhidos em média por safra, 75% são de forma mecanizada. Isso representa um total de 6,8 milhões de toneladas, relata o pesquisador, que se utilizou de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Levando em conta uma produtividade média de 76 toneladas por hectares, ele chega a uma produção aproximada – apenas de colheita mecanizada – de 517,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. As perdas produtivas dos canaviais brasileiros são habitualmente calculadas em 5%. No entanto, ele acredita que, na realidade, elas chegariam a algo em torno de 10%. “Normalmente as usinas apenas levam em conta as perdas visíveis. Quando se considera as perdas invisíveis, o volume dobra”, aponta. As perdas invisíveis são aquelas de difícil quantificação no campo. As perdas de 10% representam 50 milhões de toneladas de cana perdidas no Brasil, todas as safras, apenas nas áreas com mecanização. Além disso, há ainda uma estimativa do quanto de terra entra na indústria e impacta nos custos de manutenção – outro problema potencializado pela colheita mecanizada. Segundo estudos, cada 1% de acréscimo de impurezas na cana resulta em um aumento proporcional nos custos de transporte e de manutenção de equipamentos industriais. A avaliação, produzida pela divisão agrícola do CTBE, mostra que ainda existe muito espaço para avançar em direção à melhoria de práticas agrícolas. “Esse valor [de R$ 4,5 bi], que pode ser considerado de certa forma conservador, poderia ser investido em inovação, por exemplo”, completa Franco.  

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