Na tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), nesta manhã (29), durante a sessão plenária, a deputada estadual Gleice Jane (PT) abordou a violência contra as mulheres nos espaços públicos. " Nós, mulheres que estamos na política, fazemos diversos enfrentamentos para ocupar esses espaços, o primeiro deles é romper com a cultura da exploração do trabalho doméstico, que traz às mulheres uma demanda muito maior de trabalho que a dos homens, e por isso o espaço privado culturalmente sempre foi para as mulheres", declarou.
A parlamentar ainda lembrou que esses espaços já são bem definidos desde a infância. "Os brinquedos demonstram essa diferença, enquanto o menino brinca de bola e carro, que remete aos espaços públicos, à menina é dado uma boneca, e outros itens que remete ao espaço privado. A construção social em nossa sociedade é assim, e quando ousamos vencer essas barreiras, a gente barra com a tentantiva de negarem a nossa existência nos espaços públicos, nós enfrentamos a violência de genero na política, diariamente", revelou Gleice Jane.
"Temos que ser muito melhores que os homens em tudo que fazemos, estudar mais, ter mais disposição e trabalho. Nem sempre somos compreendidas como pessoas em espaços públicos, e, sim, corpos em espaços públicos. Não somos vistas como pessoas com capacidade e competência para fazer debate político. Isso aconteceu ontem [28] com a deputada federal Camila Jara [PT], que passa por um processo de investigação, e um jornal local deu o termo a ela de 'bonitinha, mas ordinária'. Não podemos aceitar que as mulheres que estão na política sejam desprestigiadas, desvalorizadas e desconsideradas nestes termos", ressaltou a parlamentar.
Gleice Jane reiterou que é inadmissível qualquer ofensa às mulheres no espaço político. "Camila Jara não é a única, a política não foi pensada para nós e por isso quando estamos aqui, a gente incomoda. É preciso respeitar os espaços das mulheres, nós tomamos uma decisão coletiva há mais de um século para ocupar espaços de poder e iremos exercer nossos direitos, porque sabemos das necessidades na política para as mulheres, entre elas uma educação melhor para as crianças, e segurança. Pensar a política a partir do olhar das mulheres é pensar na política para toda a população. Estamos juntas e unidas e não vamos aceitar esse tipo de ofensa às mulheres que estão no espaço da política. A deputada federal tem todo o nosso respeito e merece ser respeitada na condição do lugar onde ela ocupa", concluiu.