Publicado em 18/05/2024 às 23:39,
Flávio parou de atuar na mecânica por não conseguir mais trabalhar após sofrer uma lesão. Agora, ele se dedica à arte
De junho de 2023 a maio deste ano, Flavinho Sobreira tinha um objetivo: construir a estrutura de Nossa Senhora Aparecida em agradecimento à vida. A escultura foi inaugurada na 42ª Festa do Peão, em Angélica, a 270 quilômetros de Campo Grande. O ex-mecânico encontrou na arte uma motivação, além de ser uma fonte de renda após ficar impedido de trabalhar ao sofrer uma hérnia na coluna.
Não é a primeira vez que a padroeira de Mato Grosso do Sul e do Brasil inspira Flávio, mas, desta vez, o longo projeto foi acontecendo aos poucos, com a ajuda de amigos, pois tem poucos recursos. Inicialmente, a ideia era que a entrada acontecesse na arena com o apoio de um drone. Contudo, acabou sendo carregada por uma caminhonete.
“Essa Nossa Senhora foi feita com barras de ferro, placas de zinco, isopor e EVA. Não utilizei pedras, como costumo fazer em outras esculturas. Fiz, praticamente, na estrutura de metal, medindo três metros e pesando aproximadamente 30 kg. Procurei deixá-la o mais leve possível, até porque futuramente tenho o sonho de fazê-la voar, descendo com um drone no centro da arena, um drone agrícola, um T-40, que é específico para esse tipo de voo”, descreve.
Flávio faz questão de agradecer todo o apoio de amigos que o ajudaram a construir a nova escultura. Os detalhes em alto relevo, a coroa estrelada, as listas do véu azul e o terço característico de Nossa Senhora encantaram a multidão na arena. Agora, o artista quer levar sua arte para outros eventos sertanejos.
“Com fé em Deus, pretendo sim. Estamos estudando isso… Parece que no próximo mês haverá um evento em Ipesal (Angélica), na festa da fogueira. Eles gostaram muito do que o presidente da Associação Comercial, Valentin Peixoto, disse, porque praticamente ele colocou o nome dele como apoiador do meu trabalho. Nunca tinha sido apresentado antes. É o meu sonho, também, buscar recursos através desse trabalho para minha sobrevivência, já que não recebo nenhum amparo social”.
Desde 2015, Flávio precisou se afastar do trabalho árduo da mecânica ao sofrer uma lesão na coluna. Ele é paciente em tratamento de hérnia e gasta com caros medicamentos.
“Este ano consegui minha carteira nacional de artesão e posso participar de qualquer evento no cenário nacional. Peço uma oportunidade de apoio para participar dos eventos, rodeios e cavalgadas. Ficarei muito feliz em levar esta obra, que é um testemunho de fé e superação. É minha sobrevivência, sim, através da venda dos santuários, mas acima de tudo, tem uma história de fé e superação por trás, porque não consigo mais trabalhar e Deus me deu esse dom para garantir minha vida de forma honesta”.