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"Tem de fechar tudo", de ônibus a escola, alerta infectologista sobre 3ª onda

Pesquisador reclama que governo e prefeituras “ignoram” atual gravidade e defende lockdown já, em todo MS É hora de fechamento geral em Mato Grosso do Sul, pelo menos, até que a ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) volte a patamares menores de 80%. A avaliação é do médico infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, um porta voz hoje da ciência em todo o Brasil, quando o assunto é a pandemia. Ele afirma que até mesmo o transporte coletivo deve parar durante a terceira onda de covid-19, que já é realidade no Estado. Apenas Dourados ganhou classificação cinza, com toque às 20 horas e a orientação para que apenas atividades essenciais funcionem. Na vermelha, podem funcionar as essenciais e ainda as consideradas não essenciais, mas de baixo risco. Mas é apenas orientação, sem determinação. Para Croda, a bandeira cinza deveria atingir todo Estado e o lockdown ser determinado pelo Poder Público já. “Tinha que fechar tudo, incluindo escola. Cancelar transporte público e etc. Sem exceções”, sustenta, enfatizando que a reabertura deveria ser gradativa, das atividades com menor risco para as atividades com maior risco. Os governos, sejam eles municipais, estaduais ou o federal, segundo o pesquisador, “ignoram” a gravidade da situação que está sendo delineada nesta terceira onda, mesmo diante do alerta de especialistas. Em Campo Grande, por exemplo, festas estão liberadas com até 50% da capacidade de público, mediante autorização prévia da Vigilância Sanitária. Escolas particulares também voltaram em sistema híbrido e foi flexibilizado o número de passageiros em pé nos ônibus. Com a nova classificação de bandeira vermelha, a prefeitura anunciou que apenas o toque de recolher deve mudar, de 20h para a partir 21 horas. Lockdown já - O médico lamenta ainda o que chama de falsa dualidade entre saúde e economia. Isso porque governos acreditam que não fechar, não fazer lockdown preserva empregos, mas “se deixar tudo aberto e ficar no abre e fecha é pior para economia. Porque isso de alguma forma gera insegurança no planejamento”, avalia. Por fim, sobre a gravidade de casos, ele diz que muitos vão continuar morrendo de forma expressiva, inclusive, mais jovens, por falta de ações concretas e incisivas. “Já tem relato de óbitos nas UPAs de pacientes que estão aguardando leito hospitalar. Em Dourados, por exemplo, morreu uma criança na UPA, esperando por leito”, lamentou. Mato Grosso do Sul já tem mais de 6,5 mil óbitos pela doença desde março do ano passado e ultrapassa 281 mil casos confirmados. A média móvel de confirmações da doença em MS é a segunda pior entre os três estados que apresentam crescimento das médias: MS, Amapá (AP) e Goiás (GO).

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